Por que tantas pessoas se tornam haters na internet? Uma análise psicológica profunda
- Dr Jorge Jose dos Santos
- 15 de abr.
- 3 min de leitura
Vivemos em uma era onde redes sociais se tornaram palcos de opiniões, debates... e também de ataques. Comentários agressivos, ofensas gratuitas e discursos de ódio são cada vez mais comuns — muitas vezes vindos de pessoas comuns, que, fora do ambiente online, provavelmente se comportariam de maneira completamente diferente.
Mas o que leva alguém a se tornar um hater? O que está por trás desse comportamento? Nesta análise, exploramos o fenômeno sob diferentes olhares da psicologia moderna — da psicanálise às neurociências, passando pela terapia do esquema, análise do comportamento e contexto sociocultural.
1. Psicanálise: o ódio como projeção
Segundo a psicanálise, muito do que um hater expressa é, na verdade, um reflexo de si mesmo. Sentimentos recalcados como inveja, vergonha e inadequação são projetados no outro. O alvo se torna um espelho onde o sujeito descarrega conteúdos que não consegue tolerar em si. É como se, ao atacar o outro, estivesse tentando destruir algo que o incomoda internamente — mas de forma inconsciente.
2. Terapia do Esquema: feridas antigas, reações atuais
Pessoas que cresceram sentindo-se excluídas, desvalorizadas ou abusadas emocionalmente podem desenvolver esquemas disfuncionais — crenças profundas como "sou inferior", "ninguém se importa comigo" ou "preciso atacar antes que me machuquem".
Quando esses esquemas são ativados por algo que veem na internet (como a opinião de alguém, um estilo de vida diferente ou uma figura pública), entram em ação modos desadaptativos de enfrentamento, como o ataque verbal e a agressividade passiva.
3. Neurociências: impulsividade e recompensa
O cérebro humano busca recompensas rápidas. Comentar algo ofensivo e receber curtidas ou respostas ativa o sistema de dopamina — o mesmo envolvido em vícios. Além disso, o ambiente digital estimula a desinibição: protegidos pelo anonimato ou pela distância física, muitos dizem o que jamais diriam pessoalmente.
A baixa ativação de áreas responsáveis pelo controle inibitório e empatia (como o córtex pré-frontal) favorece reações impulsivas e agressivas, especialmente em indivíduos com maior reatividade emocional.
4. Análise do Comportamento: o comportamento reforçado se repete
Na perspectiva comportamental, tudo aquilo que é reforçado tende a se repetir. Se alguém posta algo agressivo e isso gera visibilidade, apoio ou engajamento, a tendência é repetir o comportamento. A internet, infelizmente, recompensa o escândalo, o conflito e a polêmica — enquanto pune pouco ou tardiamente os excessos.
Além disso, para muitas pessoas, agredir o outro é uma forma de aliviar tensões internas. Essa descarga emocional, mesmo sendo socialmente disfuncional, é negativamente reforçada porque oferece alívio imediato.
5. Fatores socioculturais: tribos digitais e empatia em crise
Vivemos uma época marcada por polarizações, identidades tribais e intolerância às diferenças. O hater, muitas vezes, sente que está defendendo uma causa ou um grupo, e vê o outro como uma ameaça. O espaço para empatia, escuta e diálogo está cada vez mais reduzido — o que agrava esse ciclo de violência simbólica.
Além disso, há um empobrecimento coletivo da educação emocional. Faltam espaços para elaborar frustrações, medos e inseguranças — e sobram meios para descarregá-los de forma crua e impessoal.
O hater também sofre
Por trás de todo comportamento de ódio, há uma dor não reconhecida, uma carência emocional, ou até mesmo traços de transtornos psicológicos que merecem atenção. Atacar o outro é, muitas vezes, uma forma desajeitada de lidar com o próprio vazio, a própria frustração ou sensação de impotência.
Terapia: um espaço seguro para compreender e transformar
Se você percebe em si mesmo impulsos agressivos, comentários que se arrependem depois, ou sente que está constantemente irritado ou frustrado com os outros — talvez seja hora de olhar para dentro com mais compaixão.
A psicoterapia oferece um espaço seguro e ético para compreender o que está por trás dessas reações, resgatar seu equilíbrio emocional e desenvolver novas formas de se relacionar com o mundo.
Nossos psicólogos estão preparados para te acolher com respeito, técnica e empatia. Atuamos com abordagens baseadas em evidências e com profundo respeito à sua história, oferecendo suporte tanto presencial quanto online.
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